quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Entrevista com HELLNATION, publicada no UMA PARTE ZINE #4 – 2001.
Perguntas por Allan.
Respostas por Ken.

A letra de “College Town Revolutionary” tem algum significado especial ou pessoal? Parece ser direcionada a alguém. Fale um pouco desta letra.É apenas sobre algumas pessoas que eu conheci uma vez, que lêem alguns livros sobre qualquer coisa política e pensam que já são peritos em tudo e que têm as respostas. Quando eles perceberem que a vida é muito mais complicada do que slogans de punk rock eles irão cair fora e ainda haverão pessoas ruins no punk.

Você é punk ou policial? Você é fã de policiais? Você vê os policiais como inimigos, você os teme ou apenas ignora-os? Quando eu estou próximo de policiais eu fico muito paranóico, mesmo que eu não esteja fazendo nada de errado. Isso vem da experiência que mesmo que você não esteja agindo errado será como um carneiro castrado que pode tentarou não.

“I dont know how to act, I don’t know what is right”, o que você quer dizer nesta letra (Kiss of Death)? Você está desacreditado com tudo, a que você se refere?Está basicamente dizendo que eu não me importo realmente em satisfazer qualquer um, porque não importa o que você faça que haverão centenas de críticos. Geralmente os críticos não fazem nada, mas eles se sentam e criticam.

O que houve com o outro baixista, porque saiu? Antes desta mudança na formação a banda era estável, ou sempre sofreu com estas mudanças? O Chris parece que "acelerou" mais ainda o som da banda.Ele se casou e sua vida ficou muito ocupada. Também inicialmente eles estavam pensando em ir morar na China. Nós ainda somos bons amigos e atualmente podemos começar uma banda aqui por perto. Hellnation era uma banda de 4 pessoas inicialmente e Al queria tocar baixo ante de ir para a bateria. Chris apenas entrou para tocar na turnê européia. Se as músicas estão um pouco mais rápidas isso é provavelmente porque nós estamos tocando-as há muito tempo, desde que nós as gravamos originalmente. Assim, elas vão acelerando naturalmente com o tempo.

“Living Dead” fala sobre a vida de quem trabalha horas mais horas, durante anos e não vê a vida passar, esquece de tudo, isso por causa do dinheiro. Uma pessoa assim com certeza não vive feliz. Você se considera um cara feliz ou sua vida é este inferno, como na letra?Atualmente eu tenho tentado ser razoavelmente positivo. Eu tento fazer a minha vida o que eu quero dela tanto quanto eu posso. Eu sou uma pessoa razoavelmente feliz, sou do tipo de emocional que balança de acordo com o que acontece. As letras são apenas reflexos das coisas que nos afetam.

“this is punk rock not the boy scouts”, entendo isso como uma referência a pessoas na cena controlando a vida de outras, o que você tem a dizer sobre política de cena?Eu penso que eles são pessoas completamente estúpidas, para mim um reflexo de cliques de estupidez da nossa sociedade reguladora que qualquer um no punk diz que odeia.

E a letra de “Aaron Pryor” o que fala? Não consegui entender muito bem.Ele foi um grande boxeador de nossa cidade, um dos melhores mas nossa cidade é muito branca e nunca lhe daria este crédito merecido. Se ele fosse branco esta cidade poderia ser louca por ele.

Você gosta de ler? Que tipo de leitura? Considerando fanzines como um tipo de leitura alternativa e contra cultural, o que você acha necessário (conteúdo) a um fanzine e o que você vê como desnecessário para quem lê?Yeah, eu adoro ler, atualmente estou um pouco ocupado e não estou lendo tanto. Ultimamente eu tenho me interessado em ler biografias. A última que comecei foi a de Muhamed Ali! A única coisa que eu acho que é necessária para um fanzine é que ele deve ter personalidade. Não apenas propagandas e resenhas da Epitaph Records que ocupam uma página inteira. Aqueles que quando datilografam paracem um desperdício de árvores.

Há quanto tempo você está envolvido com a cena punk/hc? O que o motivou a se envolver a estar ligado a ela, e o que o motiva permanecer nela? Como você vê o HC hoje comparado a quando você se infiltrou nele?Eu comecei a descobrir o punk por volta de 1985. O que foi principal para que eu me encontrasse foi o fato de haver ótimas pessoas e os ótimos momentos que passo com elas. E também as grandes bandas que vinham ao longo disso. Para mim a maior diferença é como a cena parece muito mais rachada em facções agora. Todos tem seus próprios pequenos grupos.

Fuck on the Beach, Romantic Gorilla, Flash Gordon, são bandas japonesas que eu adoro e todas já tiveram lançamentos em seu selo. As bandas japonesas para mim são sinônimo de HC rápido e divertido e são as bandas que eu tenho me interessado mais em escutar. O que você tem a dizer sobre estas bandas e o HC japonês?Eu amo isso! Eu pude me reunir com todas essas bandas quando eu fui para o Japão e eram todos grandes pessoas e super legais, para não mencionar que são apenas grandes bandas. Eles possuem apenas um senso de energia surpreendente. HC japonês eu provavelmente escuto mais do que qualquer coisa. Parecem ter uma abundância de ótimas bandas constantemente. O novo cd do PaintBox me matou.

Com certeza você conhece algo do Brasil, pois afinal já até lançou um 7” do No Violence há alguns anos atrás. O que você sabe atualmente do hardcore brasileiro, o que você gosta nele?Eu realmente me sinto ignorante sobre o Brasil. Para mim eu penso que o hardcore no Brasil tem uma energia crua realmente boa. Atualmente eu tenho escutado muito Mukeka Di Rato, Mahogany, o novo CD do No Violence e algumasfitas coletâneas que eu peguei. Eu estou realmente esperando para ver estas bandas ao vivo!
Os discos (Cds) do Hellnation, sempre apresentaram músicas novas, quando se ouvia regravações, eram de músicas que saíram em coletâneas, 7”s, etc. Uma coisa que não entendi foi o porque de se lançar um CD (“Cheerleaders for Imperialism”) contendo algumas músicas novas mas muitas músicas que saíram em outros CDs. Poderia explicar?Nós gravamos isso com Chris do Spazz que estava conosco em nossa turnê na Europa. Nós queríamos tentar um estúdio diferente e gravamos nosso set list e 3 músicas novas. Nós não tínhamos nenhuma pretensão de lançar isso e quando nós voltamos da Europa Chris nos perguntou se estávamos interessados em ter isso lançado pela Slap A Ham. Nós achamos que estagravação saiu muito boa mesmo. Várias pessoas não tinham os Eps e as músicas soaram tão boas que fizemos isso.

Por que você é um “fucked up mess”??Eu não me encaixo nisso. Eu acho que algumas pessoas são assim comprometidas com dinheiro e em fazer mais dele, ou serem populares. Se você não se conformar todos pensarão que você é um fudido. De maneira que seja o que nós somos.
O que você tem a dizer sobre os “emo crybabies.”? Já imaginou o Hellnation divindo um disco com um banda deste tipo, ou uma banda dessa lançando algo pela Sound Pollution?Eu apenas acho que a música emo é absolutamente terrível e não sei o que isto está fazendo no punk rock. Isso soa como "college rock" para mim.

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